Textos que já enviei: a interação com o outro

Querido X

Ao ouvir uma música que conheci porque me enviou, hoje pensei sobre o porquê de certas músicas mexerem tanto aqui dentro.


Nessa imagino que seja porque explicita o grande acaso que é se relacionar com alguém. Dentre todas as muitas pessoas, há encontro. Há escolha e aleatoriedade. Além disso, demonstra o momento e a matéria-prima para que uma relação comece: certa vontade.

“Se eu não te contar, você nunca vai saber de mim.”

Em toda a música, a dinâmica do contato é explorada em suas múltiplas possibilidades: pode haver desencontro, encontro, procura por saber e até mesmo a quebra da confiança que baseia a interação. *1

"Se eu te contar, não vá espalhar por aí"

A possibilidade de haver ruptura do laço que intencionalmente se criou, me assusta. Mas acordos são mutáveis, assim como tudo da vida. Daí talvez a preciosidade que é investir em alguma relação: nada se tem, tudo é apenas (e pode não mais ser).

A palavra e o ato de brincar com a mesma também compõem essa grande obra: mesmo dizendo, é possível que nada se saiba. Me lembrou o que Caetano coloca em sua música sobre a mulher que mente contando toda a verdade. (https://open.spotify.com/track/322sgr3t9XrTNNeWq9VzRF?si=oZ7j0-DySxyjvaq_QE3NXQ)

"... e mesmo assim não vai saber de mim."

Depois de tudo, o artista ainda fala sobre a possibilidade de encontrar esse outro, visto a existência intrínseca nos viadutos, nas ruas, nas lutas de classe... Logo depois de se encontrarem, após falar sobre sua própria verdade, há o desencontro. A justificativa? Depois do mistério e do contato, esse outro se torna a pior pessoa para ele.

Esse tema *1 me lembra uma das passagens mais marcantes de "Tudo é Rio":


 
Difícil perceber que a reciprocidade não é elemento obrigatório para que uma relação se faça. Pelo menos elas existem... no fim Carla deve estar certa. Todo amor deve mesmo ser sagrado. (https://open.spotify.com/track/1ChLaVIFBoHv3V99lqIysK?si=IviXv7TeSii81YzYeMCKlA)

E você? Que acha do que eu disse?…

Carinhosamente,
Alexya Milagre 🌻 




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